sexta-feira, 27 de abril de 2012

Desafiando preconceito, cresce número de igrejas inclusivas no Brasil


* * * Extraído do Portal UOL * * *
Encaradas pelas minorias como um refúgio para a livre prática da fé, as igrejas "inclusivas" - voltadas predominantemente para o público gay - vêm crescendo a um ritmo acelerado no Brasil, à revelia da oposição de alas religiosas mais conservadoras. Estimativas feitas por especialistas a pedido da BBC Brasil indicam que já existem pelo menos dez diferentes congregações de igrejas "gay-friendly" no Brasil, com mais de 40 missões e delegações espalhadas pelo país.
Concentradas, principalmente, no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, elas somam em torno de 10 mil fiéis, ou 0,005% da população brasileira. A maioria dos membros (70%) é composta por homens, incluindo solteiros e casais, de diferentes níveis sociais.
O número ainda é baixo se comparado à quantidade de católicos e evangélicos, as duas principais religiões do país, que, em 2009, respondiam por 68,43% e 20,23% da população brasileira, respectivamente, segundo um estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
O crescimento das igrejas inclusivas ganhou força com o surgimento de políticas de combate à homofobia, ao passo que o preconceito também diminuiu, alegam especialistas. Hoje, segundo o IBGE, há 60 mil casais homossexuais no Brasil. Para grupos militantes, o número de gays é estimado entre 6 a 10 milhões de pessoas.
Segundo a pesquisadora Fátima Weiss, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que mapeia o setor desde 2008, havia apenas uma única igreja inclusiva com sede fixa no Brasil dez anos atrás. "Com um discurso que prega a tolerância, essas igrejas permitem a manifestação da fé na tradição cristã independente da orientação sexual", disse Weiss à BBC Brasil.
O número de frequentadores dessas igrejas - que são abertas a fiéis de qualquer orientação sexual - acompanhou também a emancipação das congregações. Se, há dez anos, os fiéis totalizavam menos de 500 pessoas; hoje, já são quase 10 mil - número que, segundo os fundadores dessas igrejas, deve dobrar nos próximos cinco anos.
Resistência
As igrejas inclusivas ainda enfrentam forte resistência das comunidades católicas e evangélicas. Embora a maior parte delas siga a tradição cristã - pregando, inclusive, o celibato antes do casamento e a monogamia após o matrimônio - ainda não são reconhecidas oficialmente por nenhum desses dois grupos.
Não raro, em igrejas tradicionais, os homossexuais são obrigados a esconder sua opção sexual. Descobertos, acabam sendo expulsos - ou, eventualmente, submetidos a tratamentos de "conversão" para se tornarem heterossexuais.
"Segundo a Bíblia, homossexualidade é pecado. Na igreja evangélica, gay só entra caso queira se converter e, para isso, tem de se tornar heterossexual. É uma regra de Deus", disse à BBC Brasil Silas Malafaia, fundador de uma das principais igrejas evangélicas do Brasil, a Assembleia de Deus - Vitória em Cristo. "Tenho vários casos de ex-gays na minha igreja. Trata-se de um desvio de comportamento; afinal, gays têm a mesma ordem cromossômica que nós, heterossexuais. Depende deles, portanto, mudar sua opção sexual para serem aceitos na nossa comunidade", acrescenta.
A pernambucana Lanna Holder, de 37 anos, acreditava poder "curar" a atração que sentia por mulheres que, segundo ela, vinha "desde a infância". Usuária de drogas e alcoólatra, Lanna converteu-se a uma igreja evangélica aos 21 anos, passando a fazer pregações no interior do Brasil. "Enquanto todas as meninas brincavam de boneca, eu soltava pipa e jogava futebol", lembra ela à BBC Brasil.
Lanna tornou-se uma das principais pregadoras da igreja Assembleia de Deus, a mais importante do ramo pentecostal no Brasil. Casou-se aos 24 anos e, dois anos depois, teve um filho. Mas durante uma viagem aos Estados Unidos em 2002, conheceu outra pregadora, Rosania Rocha, brasileira que cantava no coral de uma filial da igreja em Boston. Um ano depois, elas tiveram um caso amoroso às escondidas e acabaram expulsas da comunidade. 
De volta ao Brasil em 2007, Lanna teve a ideia de criar uma igreja voltada predominantemente para homossexuais que, como ela, não ganharam acolhida em outra vertente religiosa. Ela montou a "Comunidade Cidade Refúgio", no centro de São Paulo.
De reuniões pequenas, com apenas 15 pessoas, a igreja possui hoje 300 fiéis e planeja abrir uma filial em Londrina, no Paraná, até o fim deste ano.
Origem
O embrião das igrejas inclusivas começou a surgir no Brasil na década de 90, em pequenas reuniões feitas normalmente sob sigilo. Nos Estados Unidos, entretanto, elas já existem há pelo menos quatro décadas, praticando o que chamam de "teologia inclusiva", com um discurso aberto à diversidade.
Um das pioneiras foi a Igreja da Comunidade Metropolitana (ou Metropolitan Church), a primeira a ter sede própria no Brasil, em 2002.
Tags: Heterossexual, Igreja, Notícias, UOL

terça-feira, 3 de abril de 2012

Brasil: Facebook 'de Jesus' permite discutir aborto e casamento gay


* * * Extraído do Portal Terra * * *
Rafael Maia
Os usuários brasileiros ganharam uma nova opção de rede social. Trata-se do CristaoBook - uma espécie de Facebook, só que a partir de uma perspectiva cristã da vida. Ele não se resume a isso, no entanto. De acordo com o criador e dono do site, o web designer carioca e evangélico Armando Louder, o viés religioso não define o CristaoBook. "Ele é muito mais do que isso. Ele é um ambiente saudável e organizado para todos os tipos de discussão", afirmou ao Terra, antes de complementar: "tendo em mente que o tema central é Jesus".
Com "todos os tipos de discussão", Armando se refere inclusive a questões pouco apreciadas pela ótica cristã da realidade, como o casamento homossexual e a legalização da maconha e do aborto, por exemplo. "Eu acho superválido e bacana que exista a discussão. O que importa é a intenção com que determinadas exposições são feitas. Se for com seriedade, não tem por que não acontecer", exemplificou Armando, ao afirmar que, devido à própria experiência com o Facebook, ele sentiu a necessidade de criar um ambiente "sério" que abarcasse as discussões das pessoas que, cada vez mais, estão buscando um tipo de espiritualidade na vida.
A rede social tem 15 dias de existência e mais de 5 mil usuários cadastrados. A média de entrada diária é de 200 pessoas, mas cerca de 20% dos novos seguidores do site são, na verdade, perfis falsos que têm a intenção de "desorganizar" os rumos do CristaoBook, segundo dados do próprio site. A estrutura ainda é pequena: até agora, foram gastos R$ 1,5 mil em recursos próprios, com 2 processadores Intel L5630, 48 GB de memória RAM e um novo servidor, adquirido nos últimos dias. "Em 3 meses, vamos multiplicar o número de usuários. Por isso, precisamos crescer", previu.
Para alcançar a almejada organização, o criador do site aposta na presença de "vigias", que nada mais são do que moderadores que guiam as conversas. Não existe, porém, a intenção de censurar conteúdo. "Não chegaríamos ao ponto de influenciar alguém ou mudar os rumos de uma discussão de forma impositiva", disse. Para isso, a rede social pretende criar aplicativos que, cada vez mais, consigam dar conta de bloquear palavrões e ofensas não somente à fé cristã, mas, principalmente, quando um usuário agir de forma ofensiva com outros. Atualmente, o site conta com somente dois moderadores: o próprio dono e a mulher dele, parceira também de negócios.
Questionado se o CristaoBook recebeu a benção de Mark Zuckerberg, do Facebook, Armando foi honesto: "na verdade, eu nem sei se eles sabem da nossa existência. Eu não fui atrás para pedir autorização". O Terra foi e confirmou a suspeita do dono do CristaoBook. A assessoria do Facebook no Brasil afirmou que iria checar o novo site antes de ter algum posicionamento ou tomar alguma atitude. Das possibilidades, a mais drástica seria o pedido de retirada do CritaoBook do ar. Não por Zuckerberg não ser religioso - até mesmo porque não se sabe a inclinação da fé do CEO - mas porque o CristaoBook usa, além de parte do nome "Facebook", o mesmo layout, cores e gerenciamento da rede social com o maior número de usuários do planeta.
Apesar do sucesso e de ser um bom negócio a existência de um "Facebook" cristão em um País em que a fé cristã é altamente difundida, não há um objetivo de lucro - pelo menos por enquanto. "Ainda não vieram nos procurar para fazer acordos de publicidade. Alguns ministérios de louvor entraram em contato para saber se poderiam usar o espaço para divulgar livros, músicas e encontros", falou Armando. Antes de pensar no futuro - e no dinheiro - , o dono do CristaoBook quer cultivar a experiência de comunhão em um ambiente aberto às diferentes discussões, todas sob o olhar de Jesus, para fidelizar o público. "Eu ainda acho que com boas ideias e boas palavras, nós alcançamos boas soluções".
Fonte: terra.com.br
Tags: Notícias, Terra