sexta-feira, 3 de abril de 2009

Como se dirigir a Deus? É correto chamá-lo de você?


Extraído do Portal Melodia.

Na maioria das traduções bíblicas para o português, nas passagens em que alguém se dirige ao Criador, emprega-se sempre o pronome de segunda pessoa do singular, em suas variadas formas (tu, te, ti, contigo, teu). Exemplos: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt. 6:10). / “Porque contigo entrei pelo meio dum esquadrão, com o meu Deus saltei uma muralha”. / “Ó Deus, tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei: a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água”. / “Dizei a Deus: Quão terrível és tu nas tuas obras! pela grandeza do teu poder se submeterão a ti os teus inimigos” (Sl. 18:29, 65:1, 66:3). Em nossos dias, porém, já é comum em algumas denominações, principalmente no louvor entre os jovens, tratar-se a Deus por você. Isto é correto? Bem. Se tomarmos por base apenas a gramática, e desde que mantida a uniformidade de tratamento, nada há de errado nisso. No entanto, se tomarmos como exemplo a longa tradição dos cristãos de fala portuguesa, bem como as traduções bíblicas para o nosso idioma, há de se observar a nítida preferência pela forma na segunda pessoa. Portanto, assim diriam: “Tu, Senhor, és excelso sobre todas as coisas”. Nunca, porém: “Você, Senhor, é excelso sobre todas as coisas”. Vale ressaltar que, no Brasil, ao contrário de Portugal, emprega-se você como forma de tratamento íntimo de igual para igual ou de superior para inferior. As formas você e vocês praticamente substituíram, pelo menos na fala, o tu e o vós. Para efeito de curiosidade, é bom lembrar que a palavra você passou, ao longo dos tempos, por uma verdadeira metamorfose lingüística: de Vossa Mercê passou a vossemecê, que passou a vosmecê, que passou a você, que está passando a ocê, que para alguns já se transformou apenas em cê: “Cê vai ou não vai?”

Por: Jaime Nunes Mendes

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